quinta-feira, 22 de julho de 2010

Ah, esse tal de bom atendimento 2- Sergio Travassos

Caros, me senti um velho rabujento pelo primeiro texto sobre bom atendimento, ou não. Mas me senti muito bem em desabafar. Lembrei-me de outras situações em restaurantes. É, realmente, amo comer. Bem, dessa vez citarei um caso bastante peculiar que me aconteceu.

Quem já foi à Famiglia Lucco da rua da Hora, já deve ter tido problemas para encontrar um lugar próximo, não? São apenas quatro vagas em frente ao restaurante e uma rua empilhada de flanelinhas. A solução encontrada? Eles conseguiram, no outro quarteirão, um local para estacionamento. Era uma loja de materiais de construção. Depois que quebraram tudo e ocuparam o espaço, bem...deixaram do jeito que estava. Coisas entulhadas, grades enferrujadas, sem espaço para manobras dos domingueiros que insistem em dirigir um carro.

Ao entrar nesse estacionamento, encontramos a última vaga. Comemorei como se tivesse achado o Santo Graal. O senhor que apareceu para nos atender, apesar de, notadamente, não ter passado por treinamento algum, foi muito simpático e educado. Entregou-me um papel que deveria ser carimbado no momento em que pagássemos a conta no restaurante. Até aí, tudo bem, correto?

Ledo engano. Ao chegar no restaurante, percebi que, do lado de fora, estavam umas três famílias esperando que algumas almas bondosas deixassem de conversar, pagassem as contas e abrissem vagas nas mesas. Como estava com minha família também e sou um cara extremamente impaciente para ficar esperando algo, principalmente na rua, sem um local para sentar ou bebericar algo, decidi dar meia volta.

Lembrei-me da bendita ficha do estacionamento. Perguntei a um garçon, que acabara de colocar a cabeça para fora da porta de vidro para explicar que ainda iríamos esperar mais um bocado,  se eles poderiam carimbar ou me informar se eu teria que, apenas, devolver a ficha ao atendente do estacionamento. A solução, simples, seria essa. E foi o que fiz. Falei com ele sobre a falta de vagas, ele pegou o papelzinho e segui para nunca mais voltar àquela casa.

A questão não foi essa. O problema é que o garçon, do local em que estava (a uns 5m de mim) gritou para mim que a ficha deveria ser carimbada apenas após a refeição. Sem isso, teria que pagar o estacionamento. De forma paciente, expliquei-lhe a situação e o que seria o correto. Nada o convenceu. Disse-me que deveria pagar ou esperar. Pensei vários impropérios para dizer mas detesto "barracos". Ao ser perguntado pelo gerente, ele gritou que estava muito ocupado e que iria demorar a me atender.

Isso, caros dois leitores desse blog, é o que normalmente sofremos pelos estabelecimentos comerciais pelo Nordeste. Fruto de um planejamento maldito de nossa educação. Somente há pouco tempo é que os politiqueiros atinaram que, para aumentarem seus ganhos e possibilidades, precisariam de mais negócios funcionando, atrair turistas, pessoas qualificadas para atender bem seria o mínimo.

Então, vamos arrumar cursos para esse povo. Porém, esquecem-se de algo simples e primordial: a qualidade. Mesmo as instituições privadas de ensino, dão aos clientes, o mínimo do que poderiam dar. Raras são as excessões. Penso no tal garçon e em qual escola ele estudou. Como a família lhe educou. O que poderemos esperar?

Por essas e outras, é que restaurantes como Boi preto, Spettus do Derby ou de Boa Viagem, contratam a peso de ouro, chefs, gerentes e , pasmem, garçons, do Sul Maravilha. É por isso que Pernambuco cresce, mas os melhores lugares, os mais rentáveis, são ocupados, muitas vezes, por gente importada de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Chile, Argentina, entre outros lugares.

Não nos preparamos e estamos pagando. Aliás, iremos pagar durante longos anos. Como trabalho com desporto, fico imaginando competições do calibre de uma Copa do Mundo. Como iremos recepcionar os visitantes. Fico pensando na dor de cabeça do meu amigo tricolor, Rivson, sócio do Couvert da Ilha do Leite. Lá, ele tem um bom atendimento, mas sei bem que, um descuído simples de sua gerência, o que deve acontecer. Ah, para falar de algo bom, fui uma noite ao Couvert de Rivson, e o atendimento foi muito bom e com o mínimo: simpatia, atenção, prestatividade. Depois, falarei de outros seguimentos pois, escrever sobre comida me engorda.

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